quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Mais fotos do Gropiusstadt

A portaria do edifício do Conjunto Gropius, na rua Joachim-Gottschalk-Weg, onde Christiane F. morou na infância.




Conheça a rua Joachim-Gottschalk-Weg
O Conjunto Gropius
O colégio em que Christiane F. estudou


A informação que circula pela internet é de que esta seria a porta do apartamento de Christiane, no décimo primeiro andar do edifício.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O pai de Christiane F.

"Tio Richard"


Na foto, Dieter Felscherinow, pai de Christiane F., na reportagem de 1995 da Spiegel TV. Na ocasião desta matéria, Dieter não tinha bom relacionamento com a filha e eles não se falavam havia mais de dez anos. No vídeo, ele não dá uma boa impressão e parece insensível ao drama de Christiane F.

Christiane é, claramente, fruto de um lar desestabilizado. Ela, sua irmã mais nova e sua mãe passaram por maus momentos ao lado de Dieter, o pai, que era um homem imaturo e egoísta. Devido a uma gravidez não planejada, Dieter se viu obrigado a se casar e foi empurrado à vida conjugal, para a qual ele não estava preparado. Logo a família ganhou mais um membro, com o nascimento de Anette Felscherinow, irmã de Christiane. Todos sofreram com a negligência e agressividade de Dieter.

"(...) estava sempre dando broncas em minha mãe por ela gastar muito, quando, na verdade, era ela que nos sustentava. Às vezes ela respondia; dizia-lhe que nas bebedeiras, nas farras com as mulheres e nos gastos que ele tinha com o carro é que ia a maior parte do dinheiro. E vinha nova pancadaria."

"Somente mais tarde (...) comecei a sacar um pouco do que se passava. Simplesmente ele não tinha uma vida que correspondesse ao seu nível! A ambição o devorava, e ele sempre fracassava."

"(...) pôs na cabeça que minha mãe e eu, que estava no ventre de mamãe quando se casaram, éramos as responsáveis pelo seu fracasso. Dos seus sonhos, tudo o que restou foi o Porsche e alguns amigos muito faroleiros."


Ele sofria da "síndrome de eterno garotão", como se pode constatar pelos seguintes trechos do livro:

"Não somente odiava a família como ainda, pura e simplesmente, a rejeitava. Isso chegava a tal ponto que nenhum dos seus amigos deveria saber que ele era casado e pai de família. Quando os encontrávamos ou quando algum deles vinha buscá-lo em casa, devíamos chamá-lo de "Tio Richard". Eu, de tanto apanhar, aprendi muito bem e nunca errava: na presença de estranhos, ele era meu tio."

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Placas e mais placas


Uma das inúmeras placas de proibição do Conjunto Gropius. "Não pise na grama. Cães são proibidos". Coitadinho do Ajax...


"No conjunto Gropius aprendia-se, por assim dizer, automaticamente, a desobedecer às proibições. Aliás, tudo ou quase tudo era proibido, principalmente brincar com aquilo que era divertido. O conjunto era pontilhado de placas. Os pretensos parques que separavam os prédios eram verdadeiras florestas de placas e quase todas essas placas proibiam qualquer coisa às crianças."

"Era proibido brincar, correr, andar de bicicleta ou de patins. Em qualquer lugar onde houvesse um pouco de grama havia também placas: É PROIBIDO PISAR NA GRAMA."

Com tantas proibições, aos poucos, em nome da diversão, Christiane F. e as outras crianças adquiriram gosto por burlar as regras.

"Cada locatário tinha um boxe fechado por uma grade que não chegava até o teto (...) Era uma delícia o pavor de se encontrar escondido no escuro no meio de todas aquelas coisas ali guardadas. Além disso, tínhamos medo de ser surpreendidos por algum locatário. Sabíamos muito bem que essa brincadeira era, pelo menos, duplamente proibida. Aí a gente se divertia remexendo nos boxes à procura de coisas engraçadas: brinquedos, roupas velhas para nos fantasiarmos (...) Quando encontrávamos algo muito interessante, não devolvíamos."

"Assim, no conjunto Gropius aprendia-se, automaticamente, que tudo o que era permitido era incrivelmente chato e tudo o que era proibido, divertido."

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Conjuntos residenciais



O resultado da industrialização acelerada pela qual a Alemanha passou da década de 50 à de 70 foi a construção de muitos conjuntos residenciais como o Gropius, para abrigar os trabalhadores. Os efeitos sociais disso podem ser compreendidos com ajuda do seguinte trecho do livro:

"Os desertos de concreto de muitas das 'zonas de saneamento' modernas encerram as pessoas em um ambiente totalmente artificial, frio, mecânico, que agrava em proporções catastróficas todos os conflitos que as famílias já tinham antes de nele se instalarem. O conjunto residencial Gropius é apenas um exemplo: há muitos desses grandes conjuntos residenciais construídos unicamente dentro de uma perspectiva funcional, técnica, esquecidas as necessidades afetivas dos seres humanos. Transformam-se em um excelente meio para o desenvolvimento de problemas psicológicos. Não é por acaso que os casos mais graves de alcoolismo e toxicomania juvenil aí estão implantados. Além disso, as escolas são semelhantes a grandes fábricas, onde reina o anonimato, a solidão moral e uma concorrência desenfreada e brutal."


Horst-Eberhard Richter, psicanalista e autor do prefácio de "Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituída..."


Saiba mais sobre o Conjunto Gropius
Conheça o edifício e a rua Joachim-Gottschalk-Weg, onde Christiane F. viveu.
A escola de Christiane F.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A sociedade de Christiane F.

Antes mesmo que Christiane F. fosse nascida, criaram-se as bases do que influenciaria seu destino e o de milhares de outros jovens toxicômanos na Berlim da década de 70.

Christiane F. aos 15 anos de idade


Recém saída de um complicado momento político, em 1950, uma Alemanha enfraquecida se dividia em duas. A Oriental era apoiada pela União Soviética sob regime comunista; a Ocidental, bloqueada pela União Soviética, mantinha laços com grandes potências capitalistas, como os Estados Unidos, que após a Segunda Guerra Mundial despontaram como um Estado superior a qualquer outro em recursos materiais, financeiros e tecnológicos. Assim, a Alemanha Ocidental se desenvolvia industrialmente a plenos pulmões.

Devido a estas diferenças entre as duas Alemanhas, não tardaria até que fosse construído o Muro de Berlim, em 1961, que separava geograficamente as duas metades e se localizava ao lado do conjunto Gropius (o Gropiusstadt pertencia à margem ocidental do muro). Este período de desenvolvimento industrial da Alemanha Ocidental ficou conhecido como "Milagre Econômico" e se estenderia durante cerca de vinte anos. Berlim era uma vitrine do capitalismo.


Saiba mais sobre o Conjunto Gropius
Conheça o edifício e a rua Joachim-Gottschalk-Weg, onde Christiane F. viveu.


No entanto, um "Milagre Econômico" como este costuma vir acompanhado de muitas adversidades, e o caso alemão não foi diferente. Embora tenha ocasionado melhora no poder aquisitivo do povo, a industrialização deu origem também a certo grau de crise social, por fatores como o crescimento desordenado da população, o aumento da quantidade de imigrantes estrangeiros (se lembra dos "estrangeiros sujos" aos quais Christiane F. tanto se refere no livro?), que buscavam melhores oportunidades em uma Alemanha economicamente promissora, concentração da renda e da riqueza, aumento da competitividade no mercado de trabalho, etc.

Estes fatores seriam suficientes para abalar mesmo a mais sólida das estruturas sociais. Foi neste ambiente que Christiane F. e seus amigos cresceram.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

As drogas nos anos 70

Christiane F. aos 15 anos, em seu julgamento por uso de drogas em 1978


Além de se passar na Europa, aonde a heroína tem grande potencial para ser distribuída facilmente, como vimos nos posts anteriores, a história de Christiane F. se passa nos anos 70, época em que os poderes nocivos das drogas ainda não eram inteiramente conhecidos e estudados. Época esta, também, aonde Timothy Leary, um psicólogo, propunha benefícios terapêuticos do LSD, por exemplo. Hoje se sabe que o LSD não é exatamente uma substância boa para a saúde.

Essa opinião coletiva de que certas drogas faziam bem mudou de lá para cá em razão do conhecimento que foi sendo criado acerca delas e das descobertas sobre seus malefícios físicos, mentais e sociais.

Pode-se até mesmo fazer um paralelo do consumo de drogas com o tabagismo: não muitos anos atrás, fumar era considerado glamouroso e elegante. Conforme foram sendo conhecidos os malefícios do cigarro e sua relação com o câncer de pulmão, cresceu a campanha anti-tabagismo e hoje os fumantes existem, provavelmente, em número muito menor do que cinquenta anos atrás.

Se perguntar para seu avô, não será incomum que ele diga que fumou seu primeiro cigarro ainda na infância. O mesmo aconteceu com Christiane F.:

"Tinha então oito anos. Meu maior desejo era crescer logo, ser adulta, adulta como meu pai. (...) No caminho de volta da escola para nossas casas remexíamos em todos os cinzeiros e latas de lixo para catar as guimbas de cigarro. Dávamos um jeito nelas e fumávamos."

As drogas eram algo relativamente novo então e ideia sobre elas era diferente da atual. Sendo assim, de certa forma, não é errado dizer que as drogas eram mais bem aceitas do que hoje em dia. Como vemos no livro, nas palavras da própria Christiane, quem se drogava era considerado "descolado". Dessa forma, não se poderia esperar retrato diferente do que o livro "Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituída..." nos mostra, de toda uma geração desesperançosa e completamente arruinada pelo consumo de drogas.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Wir Kinder vom Bahnhof zoo


Capa de uma das edições alemãs do livro "Eu, Christiane, F., 13 anos, drogada, prostituída..." com uma foto real da fachada da discoteca Sound.

Distribuição geográfica da heroína: por que na Europa?

Além do fator cultural, há a questão da distribuição da heroína pelo mundo. O Afeganistão é, atualmente, o maior produtor e exportador de heroína do mundo, detendo o mercado europeu. São produtores secundários o Paquistão e outros países do entorno. Geograficamente, estão próximos da Europa, o que possibilita a distribuição da droga até mesmo por via terrestre. Já quando se fala de exportação da droga para a América, o transporte deve ser feito por navio ou avião, e enfrenta dificultades para ultrapassar os pontos de fiscalização, que é muito intensa e eficiente.

É provável que poucos traficantes consigam sucesso em driblar a alfândega americana, o que faz com que a droga chegue até nós em pouca quantidade, com consequente aumento de preço. Aquela velha história de demanda e oferta também se aplica ao comércio de drogas: se a oferta é pouca e a demanda grande, o preço da mercadoria tende a subir.

Por outro lado, um dos principais produtores de cocaína, a Bolívia, está localizada na América do Sul. Seguindo esta mesma lógica, a proximidade e a relativa facilidade na exportação explicaria o fato de ela ser largamente consumida no continente americano e chegar até os usuários com valores mais acessíveis.

Talvez a heroína não seja popular no Brasil por pura e simples questão de má distribuição. Se um dia a exportação por parte dos produtores enfrentar menos dificuldades, a distribuição deve se ampliar e abranger um mercado consumidor mais amplo.

O mapa a seguir mostra a distribuição mundial da heroína, em setas vermelhas, comparada à da cocaína, em setas verdes.



Se existe algum consumo de heroína no Brasil, ele está intimamente ligado ao fato de que a droga, nos últimos dez anos, vem sendo produzida na Colômbia e no México. Sendo assim, é provável que, nos próximos anos, a heroína ganhe espaço ainda na América, já que estes países já são responsáveis pelo abastecimento do mercado dos EUA, maior consumidor de heroína no continente americano.


Fontes: r7.com (mapa) e revista Veja online

domingo, 19 de agosto de 2012

Trainspotting x Réquiem para um Sonho

Para entendermos bem o que se passou com Christiane F., é preciso abrir nossa mente e nos livrarmos da visão sulamericana que temos do mundo, para refletir sobre os acontecimentos de acordo com a época e com o lugar aonde tudo aconteceu. Temos que nos imaginar inseridos no mesmo contexto em que Christiane e os outros estiveram.

Para isso, é importante ressaltar que às vezes esquecemos, mas existe diferença cultural entre Europa e Américas. Essa diferença se reflete em muitos campos que vão além do sotaque distinto com que americanos e europeus falam o mesmo idioma, por exemplo, na política, na arte, no comportamento do povo, na forma das pessoas se relacionarem umas com as outras e até nas drogas que consomem.

Uma forma divertida de exemplificar tal distinção cultural relacionada ao consumo de drogas seria através de filmes. "Trainspotting", produção inglesa de 1996, com Ewan McGregor, mostra de forma bem humorada e chocante a realidade de quatro jovens viciados na Inglaterra.



Por outro lado, o filme "Réquiem para um Sonho", com Jared Leto, produção norteamericana de 2000, mostra a rotina de quatro drogados nos Estados Unidos. A diferença entre as substâncias nas quais os personagens são viciados é nítida: em "Trainspotting", majoritariamente heroína; em "Réquiem para um Sonho", anfetaminas e cocaína injetada.



Os dois filmes falam do mesmo assunto (vício em drogas), mostram o mesmo resultado (consequências desastrosas do vício), contam quase a mesma história e são muito parecidos entre si, mas, ao mesmo tempo, diferentes, justamente devido às drogas que são exploradas. Apesar de "Réquiem para um Sonho" ser uma produção dos Estados Unidos, país que ocupa o posto maior consumidor de heroína no continente americano, quando comparado com "Trainspotting", o filme demonstra a menor difusão da heroína na América e a Europa de Christiane F. se firma como a principal consumidora de heroína do mundo, consumindo 26% de toda a produção mundial, seguida da Rússia, que consome cerca de 21%.


Para saber mais:
Trainspotting no IMDb (em inglês)
Trainspotting no AdoroCinema (em português)
Réquiem para um Sonho no IMDb (em inglês)
Réquiem para um Sonho no AdoroCinema (em português)


Referências: r7.com

sábado, 18 de agosto de 2012

Joachim-Gottschalk-Weg



Este é o edifício de número 10 do Gropiusstadt, na rua Joachim-Gottschalk-Weg, aonde Christiane morou no décimo primeiro andar com sua família, antes de seus pais se divorciarem.

"Ali nos instalamos em um apartamento de dois cômodos e meio, no décimo primeiro andar. O meio cômodo era o quarto das crianças. Todas as coisas bonitas de que minha mãe nos falara jamais caberiam ali."


Saiba mais sobre o Conjunto Gropius
A escola de Christiane F.


Se você sempre quis dar uma passeada pelos mesmo locais aonde Christiane F. esteve, divirta-se:


Exibir mapa ampliado

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Revista Jovem Pan Junho 2003 - Heroína no Brasil


O estrago da heroína: histórias de quem viveu pra contar. Um panorama da distribuição da droga no Brasil e do cotidiano dos viciados brasileiros na última década.

Matéria de Israel J. Stein
Revista Jovem Pan - Junho/julho 2003 - n° 4



Download da reportagem em PDF (11 mb)

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Foto de Christiane F. criança

Na imagem a seguir, vemos uma Christiane F. (ao centro da foto, de casaco verde) ainda criança. Não se sabe ao certo quanto anos de idade ela tinha na data desta foto, mas, provavelmente, coincide com o período em que residia com a família no conjunto Gropius.


Este é um momento chave para a compreensão do que veio a suceder na vida de Chris e na de muitos jovens que, como ela, também se tornaram viciados. Como vimos no livro, foi grande o número de vítimas fatais da droga.

"Dos oitenta e quatro mortos vítimas de heroína no ano de 1977, não tínhamos o menor conhecimento de vinte e quatro desses viciados, e eles, com certeza, não morreram em conseqüência de uma primeira dose."

"Inconscientemente procurava sempre essas informações. Os artigos eram cada vez mais curtos, porque cada vez havia mais mortos encontrados com uma agulha plantada no braço."



Lendo Christiane F. em 2012

Hoje em dia, para leitores brasileiros, a história de Christiane F. choca muito mais do que deveria pelo momento e até mesmo pelo país em que vivemos. Para a época e país em que a história aconteceu, o que foi retratado no livro era até muito normal. Como podemos ver nos trechos do livro destacados acima, somente em 1977, em Berlim, 84 jovens foram vítimas fatais da heroína, dos quase 600 que morreram em toda Alemanha Ocidental. Se formos juntar a esta conta os jovens que usavam heroína e sobreviveram, como Christiane F., Detlef e Stella, imagina-se que o número de drogados era realmente muito alto.

A história nos choca tão profundamente porque vivemos no Brasil, um país aonde a heroína não é tão comum e as meninas de treze anos não são tão maduras quanto Christiane F. era. Estamos passando por um momento aonde a maioria das meninas de treze anos está na escola e na internet, nas redes sociais, escrevendo bobagens e sendo nada mais do que meninas de treze anos de idade. Nossos adolescentes são alienados e fúteis em um tipo de alienação e futilidade muito diferente da dos adolescentes alemães dos anos 70, portanto, há de se considerar as diferenças culturais entre Brasil e Alemanha.

Falemos de outra menina que disputa com Christiane F. o posto de jovem alemã mais famosa no mundo: Anne Frank. Anne, supostamente, escreveu um dos maiores best sellers de todos os tempos contando sua história de refugiada judia durante o período do Holocausto ("O diário de Anne Frank", Editora Record, 350 páginas) de forma muito inteligente e eloquente. Quem já tiver lido este livro, concordará que Anne Frank, com toda certeza, era muito mais madura e erudita do que sua idade sugeria. Apesar de terem nascido em épocas distintas e terem tido vidas diferentes, acredito que o mesmo amadurecimento precoce tenha ocorrido com Christiane F., talvez devido à cultura alemã, ao tipo de criação que as famílias dão a suas crianças ou à educação básica que as crianças recebem nas escolas alemãs. Nos anos 70, as drogas encontraram em Berlim jovens muito mais maduros do que os de hoje em dia e é inútil comparar Christiane F. e seus amigos às crianças que têm treze ou quatorze anos em 2012.

No Brasil de hoje não se encontra heroína em cada esquina, ao passo que em Berlim, a droga era vendida em qualquer lugar.

"Às vezes fornecedores passavam pelo pedaço com um bom sortimento. Bastava pedir qualquer coisa para voar e eles respondiam: 'O que você quer? Valium, Valeron, maconha, LSD, cocaína, heroína?'"

"Eu sabia que no Sound havia uma 'cena'. Ali se vendia de tudo, desde a maconha até a heroína, incluído o Mandrix e o Valium."

Sobre o Mandrix, o Valeron e o Valium, que são medicamentos de farmácia, a fiscalização no Brasil é muito intensa e não se pode comprar sem receita (é claro que existe um mercado negro, mas também não é fácil encontrar). Quanto à heroína, quando encontrada no Brasil, custa caro, muito caro. Para se ter uma ideia, cerca de dez anos atrás, no fim do governo FHC e com a alta do dólar, um grama no Brasil custava de R$250 a R$400. Essa informação foi publicada em uma edição n° 4 da Revista Jovem Pan, 2003, em uma reportagem sobre brasileiros viciados em heroína. Leia esta reportagem escaneada. Hoje não sei mais quanto custa, mas não deve ter barateado muito.


Como vivem os toxicômanos no Brasil
O Conjunto Gropius
O edifício aonde Christiane F. viveu
A escola de Christiane F.


De qualquer forma, a heroína é uma droga cara para a realidade latino americana e não é comum vermos casos de viciados em heroína no Brasil, mesmo entre ricos e artistas que poderiam pagar o preço alto desta droga, ao passo que, se olharmos para outros países, é bem fácil apontar diversos ídolos internacionais que fizeram uso dela: Kurt Cobain, Courtney Love, River Phoenix, Janis Joplin, Amy Winehouse, Pete Doherty, Nikki Sixx e mais recentemente, Macaulay Culkin, entre outros. Isso sem falar da quantidade de viciados anônimos que deve haver lá fora.

Mas por que isso acontece? Por que a heroína é tão cara no Brasil? Em breve falaremos da questão a distribuição desta droga para o continente americano.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Macaulay Culkin viciado em heroína


O ator Macaulay Culkin, astro de "Esqueceram de mim" (1990), está viciado em heroína e tem usado regularmente um poderoso analgésico, informou reportagem publicada pelo tabloide americano "The National Enquirer". Representantes do ator negaram as suspeitas de que ele tenha chegado perto de sofrer uma overdose e também que gaste milhares de dólares em medicação.

O tabloide afirma que Culkin, de 31 anos, gasta mais de R$ 12 mil reais por mês comprando analgésicos e "transformou o seu apartamento em Manhattan num refúgio privado para consumo de drogas, no qual ele passa horas sozinho ou na companhia de um círculo restrito de amigos usuários".

Segundo o tabloide, o ator intensificou nos últimos 18 meses o uso de drogas, devido ao fim de seu relacionamento com a atriz Mila Kunis ("Cisne negro"), que agora estaria com Ashton Kutcher.

"Macaulay é viciado em drogas e isso o está matando!", teria afirmado uma fonte ao "Enquirer". "Ele se viciou há um ano e meio, e suas 'drogas de escolha' são heroína ou oxycodona [analgésico]. Mac cercou-se de viciados e delinquentes. É uma verdadeira tragédia." Descrito como "amigo próximo", outro entrevistado teria chegado a dizer que Culkin está "certamente morrendo".

Além de ter estrelado "Esqueceram de mim" e ainda uma continuação lançada dois anos depois do original, Macaulay Culkin figurou em produções como "Meu primeiro amor" (1991) e "Riquinho" (1994). Ainda criança, ele deu vida a um personagem polêmico, espécie de psicopata infantil, em "O anjo malvado" (1993), no qual divide cena com Elijah Wood, que mais tarde ficaria conhecido como o Frodo da trilogia "O senhor dos anéis".

Depois de "Riquinho", ele só voltaria a atuar no indie "Party Monster" (2003), que tem participação do roqueiro Marilyn Manson. Desde então, ele jamais repetiu o sucesso alcançado no princípio de sua carreira.


Fonte: G1.com

Verslag van een junkie


Esta é a capa de uma das edições holandesas do livro, lançado em 1980. Lá ele ganhou o nome de "Christiane F., verslag van een junkie", que, traduzindo literalmente para o português, significa "Christiane F., relato de um viciado".

Saiba mais sobre a entrevista que deu origem ao livro
Confira outras capas do livro ao redor do mundo

Conjunto Gropius


A jornada de Christiane F. começa ainda em sua infância, aos seis anos de idade, quando ela se muda com sua família para o conjunto Gropius, o Gropiusstadt, localizado em Neukölln, Berlim.

"O conjunto Gropius abriga, em suas torres, quarenta e cinco mil pessoas. Entre os prédios, gramados e centros comerciais. De longe, tudo isso tem um ar de novo, tudo parece muito bem-cuidado, mas, quando se está dentro, entre os prédios, fede a xixi e a cocô. É por causa de todos os cachorros e crianças que vivem nesse conjunto. E no vão da escada, fede ainda mais."


O que é Gropius e por que o conjunto residencial se chama Gropiusstadt?


Gropiusstadt significa, literalmente traduzindo, "cidade Gropius" (stadt = cidade). Mas o que é Gropius?


Walter Gropius (Berlim, 18 de maio de 1883 — Boston, 5 de julho de 1969) foi um arquiteto alemão. É considerado um dos principais nomes da arquitetura do século XX, tendo sido fundador da Bauhaus, escola que foi um marco no design, arquitetura e arte moderna e diretor do curso de arquitetura da Universidade de Harvard. Gropius iniciou sua carreira na Alemanha, seu país natal, mas com a ascensão do nazismo na década de 1930, emigrou para os Estados Unidos e lá desenvolveu a maior parte de sua obra.

Fonte: Wikipedia


Walter Gropius foi o arquiteto responsável pelo projeto do conjunto Gropius. Ao lado, Walter Gropius fotografado por Louis Held. Na época, o conjunto era localizado próximo ao Muro de Berlim (hoje o muro não existe mais), em sua face ocidental (capitalista). Inicialmente, o projeto se chamava Britz-Buckow-Rudow, mas depois foi renomeado em homenagem ao arquiteto.


Dados do conjunto Gropius:

Área: 2.66 km²
Altura: 52 m
População: 35,844 (em junho de 2008)
Fundado em: 1960 (Christiane e sua família foram morar lá em 1968)
Site oficial: www.gropiusstadt.info (em alemão)
Site informativo sobre o Gropius: www.qm-gropiusstadt.de (em alemão)

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Christiane F. na Bahnhof Zoo


Detalhe da imagem que estampa a capa original do livro "Wir Kinder vom Bahnhof Zoo".

As informações que se pode encontrar na internet sobre esta foto são de que ela, supostamente, retrataria um encontro real de Christiane F. com um cliente na Estação Zoo, ainda na época em que a jovem se prostituía a fim de conseguir dinheiro para sustentar seu vício em heroína.

Esta foto foi tirada por Jürgen Müller-Schneck a fim de ilustrar o relatório anterior à reportagem de Kai Hermann e Horst Rieck à revista alemã Stern.

Christiane F. foi descoberta em 7 de Fevereiro 1978 pelo jornalista Horst Rieck. Juntamente com o fotógrafo Jürgen Müller-Schneck, ele estava trabalhando para a revista Stern em um documentário sobre a prostituição infantil, devido ao início do julgamento de um empresário de 55 anos que estava no quarto dos fundos de sua papelaria com uma menina de 13 anos em troca de heroína. Uma garota sentou no banco fora do tribunal, à espera de sua convocação como testemunha. Ela era completamente desconhecida, Christiane F., de 15 anos de idade. Rieck questionou se ela teria algo a dizer sobre o Babystrich (prostituição de menores) e Christiane disse firmemente: "Pode apostar que sim!"

Na tarde do mesmo dia, Jürgen Müller-Schneck fez as primeiras fotos de Christiane F. no apartamento de Rieck em Berlim, aonde o repórter teve as primeiras conversas com ela. O que Christiane disse foi comovente e pronto para impressão. O que havia registrado na fita cassete era uma história tão incrível quanto verdadeira. Seu relatório foi publicado na edição 14 da Stern, em 1978, e apareceu com uma imagem de Christiane.

Em breve postarei aqui a famosa reportagem. Material superexclusivo!

Suas revelações explodiram sobre os abismos da nossa sociedade, no que se referia ao "Babystrich", com a série sobre as crianças da Estação Zoo. Em suas outras conversas com Christiane,Rieck levou-a para um novo local, junto com Kai Hermann, editor da Stern. Os registros de fita editada dessas conversas e entrevistas com pessoas do ambiente Christiane transformaram os jornalistas em autores do best-seller mundial "Eu, Christiane F. 13 anos, drogada, prostituída..."

Todas as fotos de Christiane na época mostravam uma menina completamente diferente. Sua foto na capa do livro também não revelava sua identidade, para proteger sua privacidade. Essa proteção não ia durar muito tempo, deivdo à realização de um filme baseado no livro, com Christiane servindo de consultora e com a exploração de sua imagem para fins publicitários.

Eu, Christiane F, 13 anos, drogada, prostituída... (1981) download RMVB legendado

Eu, Christiane F. - 13 Anos, Drogada e Prostituída

Título Original: Christiane F. - Wir Kinder vom Bahnhof Zoo
País de Origem: Alemanha
Gênero: Drama
Classificação etária: 18 anos
Tempo de Duração: 138 minutos
Ano de Lançamento: 1981
Direção: Uli Edel

Mais informações: Internet Movie Database (em inglês)

Elenco
Natja Brunckhorst ... Christiane
Thomas Haustein ... Detlev
Jens Kuphal ... Axel
Rainer Woelk ... Leiche
Jan Georg Effler ... Bernd
Christiane Reichelt ... Babsi
Daniela Jaeger ... Kessi
Kerstin Richter ... Stella
David Bowie ... O Próprio

Sinopse
Na cidade de Berlin nos anos 70, Christiane (Natja Brunckhorst), uma linda adolescente, mora com sua mãe e sua irmã menor em um típico apartamento da cidade. Ela é fascinada para conhecer a "Sound", uma nova e moderna discoteca. Apesar de menor de idade ela pede a sua amiga para leva-la lá ela conhece Detlev (Thomas Haustein), assim ela se aproxima do terrível mundo das drogas. Primeiro é o álcool, depois a maconha, assim passo a passo ela começa a mergulhar cada vez mais profundamente no submundo do vício e da prostituição colocando-se à beira da morte. Um filme de cenas fortes e muito reais que nos transmite os horrores do mundo do vício entre os jovens.

Legenda: pt-br
Qualidade: DVDrip
Tamanho: 410MB
Formato: RMVB
Qualidade do Video: 10
Qualidade do Áudio: 10


Uploaded



Cloudmonster



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domingo, 12 de agosto de 2012

A capa original do livro


Esta é a capa original do livro que tornou a história de Christiane Vera Felscherinow conhecida em todo o mundo.

Sabe-se que, inicialmente, o planejado era escrever somente uma reportagem sobre Christiane F. na revista alemã Stern (cujo logotipo encontra-se na capa da primeira edição do livro - a estrela branca dentro do retângulo vermelho). Aos 15 anos, a jovem testemunhava em um processo criminal contra um homem de negócios que pagava prostitutas juvenis com heroína, na Berlim de 1978. Seu depoimento e a riqueza de detalhes com a qual narrava os fatos chamaram a atenção dos jornalistas Kai Hermann e Horst Rieck. Então uma tarde de entrevistas transformou-se em dois meses de pesquisas, gravações e visitas a locais habitados pelo vício, pelo tráfico e pela prostituição, como a famosa a discoteca Sound e as estações de metrô Zoologischer Garten, Kurfürstendamm, etc.

Em fins de setembro do mesmo ano, a revista Stern publicava a reportagem e o livro que abalaram toda uma nação: "Christiane F. - Wir Kinder vom Bahnhof Zoo", título traduzido no Brasil como "Eu, Christiane F., 13 anos, drogada e prostituída".

Quer ler? Faça o download do livro em PDF.

Eu, Christiane F, 13 anos, drogada e prostituída... (1981) download trilha sonora mp3

Tracklist

1. "V-2 Schneider"- 3:09
2. "TVC 15" – 3:29
3. "Heroes/Helden" (Bowie, Brian Eno) – 6:01
4. "Boys Keep Swinging " (Bowie, Eno) – 3:16
5. "Sense of Doubt" – 3:56
6. "Station to Station" (live) – 8:42
7. "Look Back in Anger" (Bowie, Eno) – 3:06
8. "Stay" – 3:20
9. "Warszawa" (Bowie, Eno) – 6:18

Gravação: 1975-1979
Lançamento: Abril 1981
Selo: RCA Victor (relançado em CD pela EMI em 2001)
Gênero: Rock
Duração total: 41:50 (CD Version)
Produção: David Bowie, Harry Maslin, Tony Visconti



MEDIAFIRE



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Eu, Christiane F, 13 anos, drogada, prostituída... (1978) download e-book PDF

"Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituída..."

Autoria: Kai Hermann e Horst Rieck
Título original: Wir Kinder vom Bahnhof Zoo
Tradução: Maria Celeste Marcondes
Editora: Bertrand Brasil
Digitalizado, revisado e formatado por SusanaCap

Projeto Democratização da Leitura
www.portaldetonando.com.br

Sinopse
Quando, no início de 1978, encontramos Christiane F. — então com 15 anos —, ela depunha como testemunha num tribunal de Berlim. Pedimos-lhe uma entrevista que faria parte de uma pesquisa sobre os problemas da juventude.

Tínhamos previsto duas horas para a entrevista, e elas se transformaram em dois meses. De entrevistadores, passamos a ouvintes apaixonados e profundamente emocionados.

Este livro nasceu da gravação desse depoimento de Christiane F. É nossa opinião que esta história ensina mais do que o mais bem documentado relatório sobre a situação de uma grande parte da juventude.

Christiane F. quis que este livro viesse a público. Como quase todos os viciados em drogas, desejava romper o silêncio opressivo que cerca a questão dos tóxicos entre os adolescentes.

Todos os sobreviventes da "turma", bem como seus pais, apoiaram nosso projeto e concordaram, para reforçar a autenticidade deste documento, com a publicação de nomes e fotografias. Das famílias, porém, não citamos os sobrenomes.

Ao depoimento de Christiane F., juntamos declarações de sua mãe e de outras pessoas que dela se ocuparam, assim completando a análise com uma perspectiva diferente.


Fonte: Editora Bertrand Brasil




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sábado, 11 de agosto de 2012

Christiane F.

Aos 13 anos ela era junkie e prostituta. Passava suas tardes alternando entre fétidos banheiros públicos e o entorno da Estação Zoo (Bahnhof Zoologischer Garten) de Berlim, sempre às voltas com colheres e seringas. Aos 14, era fumante inveterada, capaz de acabar com um maço em duas ou três horas. Aos 15, em 1978, conheceu Horst Rieck, um jornalista que fazia uma pesquisa sobre os problemas da juventude alemã, que quis entrevistá-la. Este momento está descrito mais detalhadamente no post Christiane na Bahnhof Zoo.

Acusada de usar heroína desde os 13 anos e de se prostituir para manter o vício, ela estava depondo num tribunal de Berlim e aceitou conceder a entrevista. Rieck ficou tão impressionado que, junto com o também jornalista Kai Hermann, escreveu no mesmo ano um livro sobre a jovem, com o título original "Wir Kinder vom Banhof Zoo". Foi lançado no Brasil em 1982, como "Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituída..."

O mundo percebeu então que o estereótipo de drogado marginal e violento pode falhar. Christiane Vera Felscherinow era uma menina frágil, bonita, tinha amigos, frequentava a escola e fazia lição de casa. Até se viciar em heroína e começar a se prostituir nas ruas de Berlim em troca de alguns marcos para sustentar o vício.

"Sem me dar conta, eu me dividi em duas. Duas pessoas absolutamente diferentes. Escrevia cartas a mim mesma. Mais precisamente Christiane escrevia para a Vera. Vera é o meu segundo nome. Christiane era a menina de 13 anos que queria ir à casa da avó, a menina comportada; Vera, a drogada."

Mais tarde, em 1981, o diretor Uli Edel viria a rodar um filme baseado na vida de Christiane F., o que marcou de vez seu nome na cultura pop, fazendo com que, mesmo passados mais de trinta anos, sua história não tenha sido esquecida.

Entre para o nosso bando e venha reviver esta viagem...
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