
Na foto, Dieter Felscherinow, pai de Christiane F., na reportagem de 1995 da Spiegel TV. Na ocasião desta matéria, Dieter não tinha bom relacionamento com a filha e eles não se falavam havia mais de dez anos. No vídeo, ele não dá uma boa impressão e parece insensível ao drama de Christiane F.
Christiane é, claramente, fruto de um lar desestabilizado. Ela, sua irmã mais nova e sua mãe passaram por maus momentos ao lado de Dieter, o pai, que era um homem imaturo e egoísta. Devido a uma gravidez não planejada, Dieter se viu obrigado a se casar e foi empurrado à vida conjugal, para a qual ele não estava preparado. Logo a família ganhou mais um membro, com o nascimento de Anette Felscherinow, irmã de Christiane. Todos sofreram com a negligência e agressividade de Dieter.
"(...) estava sempre dando broncas em minha mãe por ela gastar muito, quando, na verdade, era ela que nos sustentava. Às vezes ela respondia; dizia-lhe que nas bebedeiras, nas farras com as mulheres e nos gastos que ele tinha com o carro é que ia a maior parte do dinheiro. E vinha nova pancadaria."
"Somente mais tarde (...) comecei a sacar um pouco do que se passava. Simplesmente ele não tinha uma vida que correspondesse ao seu nível! A ambição o devorava, e ele sempre fracassava."
"(...) pôs na cabeça que minha mãe e eu, que estava no ventre de mamãe quando se casaram, éramos as responsáveis pelo seu fracasso. Dos seus sonhos, tudo o que restou foi o Porsche e alguns amigos muito faroleiros."
Ele sofria da "síndrome de eterno garotão", como se pode constatar pelos seguintes trechos do livro:
"Não somente odiava a família como ainda, pura e simplesmente, a rejeitava. Isso chegava a tal ponto que nenhum dos seus amigos deveria saber que ele era casado e pai de família. Quando os encontrávamos ou quando algum deles vinha buscá-lo em casa, devíamos chamá-lo de "Tio Richard". Eu, de tanto apanhar, aprendi muito bem e nunca errava: na presença de estranhos, ele era meu tio."